O Paraíso representa, para alguns, um estado de eterna satisfação e ausência de dificuldades de qualquer espécie. Semelhante concepção se relaciona também a um ideal de felicidade: uma existência preenchida inteiramente por prazer, conforto e realização de todos os desejos. Se fôssemos expressar graficamente, teríamos uma linha reta: nada de curvas, desvios, descidas, subidas, mudanças de direção...
Mesmo quando não estagnados, há fases em que não sabemos bem para onde ir, que tamanho de passo dar. Contudo, o empenho em começar um movimento já é em si um avanço, que traz força e inspira e, até mesmo, ajuda a encontrar a direção. O movimento aquece não apenas o corpo, mas uma rede de intenções, inspirações, força. Cada movimento gera outro novo e nada fica sem resposta.
As tempestades da natureza carregam o poder da pausa. Difícil ignorá-las, seguindo adiante, como se nada estivesse ocorrendo. As tempestades da vida são parecidas.
"Ambos os corpos auxiliares, isto é, a alma e o corpo terreno, nada representam sem as ondas de forças provenientes do espírito. São invólucros sem vida, como por exemplo: os vestidos e as capas que vestem um corpo terreno."
“Com a persistente boa vontade tem de sobrevir o remate de todas as expiações, já que aquele que quer o bem e age nesse sentido não concede novo alimento para novas exigências de expiações.”
Quando pequenos, nós humanos perguntamos incessantemente pelos tantos porquês, passamos por fases em que aprendemos muito em pouco tempo, desenvolvemos novas percepções e visão de mundo. Mais tarde, os questionamentos se deslocam para outros objetos ou lugares, mas continuam sendo potentes gatilhos para o movimento – sempre que permitimos.
Com a atenção difusa e com diversas preocupações – imaginárias ou reais –, viver o presente tornou-se desafiante. No entanto, somos dotados de sentidos que nos acordam para a realidade. Trazer a mente para a observação das sensações do corpo, do entorno, e para a observação de tudo o que os nossos sentidos nos possibilitam experienciar pode ser uma forma de unir as camadas ansiosas ou distraídas do nosso ser e enraizá-las no agora.