Presentes da tempestade

fevereiro 14, 2019

Sibélia Zanon

Uma vez passei por uma “tempestade de neve”. Estava a pé no centro de uma cidade. A neve era muito fina, mas rápida, abundante e molhada. Era tão insistente que eu não conseguia achar o meu caminho. Não conseguia abrir os olhos tempo suficiente para ler as placas da rua, não conseguia consultar o mapa. O guarda-chuva não me protegia. O vento fazia com que ele fosse um apetrecho completamente dispensável. Virava do avesso de forma constrangedora e quase escapava das mãos. Quando entramos numa tempestade, pode ser difícil enxergar a saída. Os olhos nublam.

Mas há muitos tipos de tempestade. Enquanto algumas parecem assustadoras, há aquelas que refrescam e outras que carregam cor de esperança. A última que vi, chegou com intensa ventania, o eucalipto se contorcia e as nuvens pareciam atravessar o céu com pressa. Ela se anunciou ao lançar janela adentro uma intensa claridade. Não era relâmpago, nem trovão. Em meio àquele pleno exercício de forças, a tempestade deu ao céu tons dourados. Mas, ainda outras cores estavam planejadas para a tarde. Enquanto os verdes permaneciam agitados na face oeste, na face leste a intensidade das cores do arco-íris obrigou à pausa. Quem pode olhar para outro canto quando um arco-íris acontece?

As tempestades da natureza carregam o poder da pausa. Difícil ignorá-las, seguindo adiante, como se nada estivesse ocorrendo. Elas fazem muito barulho, limpam as árvores daquilo que não tem mais serventia, lançam bolas de neve ou gelo, propõem novas cores.

As tempestades da vida são parecidas. Elas são provocadoras: acordam rotinas, derrubam certezas e geram ruído. Depois, exigem pausa interior para reorganização. Pode ser que o vigor de uma tempestade mude as coisas de lugar, cause certas perdas. Mas a reestruturação a que ela nos obriga pode trazer ganhos. O que cada um ganhou na última tempestade?

 



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