“— O corpo mais fino não pode ser enterrado, como tampouco seria possível enterrar uma nuvem…”
Roselis von Sass, A Grande Pirâmide Revela seu Segredo
Às vezes a transformação bate à porta com certa força, na forma de um acontecimento exigente ou doloroso que abala as estruturas e demanda mudança.
Outras vezes, ela se anuncia por dentro, na forma de inquietação e anseio por algo diferente, que ressignifique a trajetória ou diminua alguma dor.
Ora ele parece curto, ora comprido. Mas nunca encolhe nem estica. O tempo fica parado, e somos nós que nos movemos. O tempo das obrigações nos pressiona do lado de fora, enquanto por dentro funcionamos em outro ritmo. A maturação interior precisa dos mergulhos na concretude do presente, mergulhos na textura da folha e nos cheiros da terra, mergulhos no tocar e ser tocado pela vida. Amarrados em burocracias e dificuldades – a maioria delas arquitetadas por nossas escolhas anteriores –, sentimos o tempo acorrentado. A densidade de tudo o que nos cerca torna o experimentar menos fluido e mais pesado.