“Precisavam caminhar uma certa distância até chegar à
torre dos astrônomos. Era quase meio-dia. Todos pararam, como que atordoados,
um pouco antes da torre. Quem, alguma vez, havia visto uma suntuosidade e
maravilha como aquela? Até Emengal e Iltasa tinham lágrimas nos olhos. Um grupo
de crianças, em período de lazer, estavam sentadas numa campina florida,
olhando com veneração para as maravilhosas flores, nunca vistas. Os botões, nas
trepadeiras de muitos metros que pendiam, haviam-se transformado em flores
aromáticas.”
O que hoje conhecemos como As
Sete Maravilhas do Mundo Antigo tem origem em uma lista, feita pelos gregos,
que anunciava as sete obras dignas de serem vistas. As obras se destacavam por
sua beleza, grandeza, suntuosidade e magnitude.
Apenas uma das maravilhas se
localizava na Grécia: a Estátua de Zeus.As demais estavam em outras
localidades, como é o caso da Grande Pirâmide de Gizé,no Egito, a única
maravilha antiga ainda existente. Povos antigos como os egípcios, judeus e
sumerianos interpretavam-na como uma obra rica em simbologia profética.
Em pesquisas arqueológicas há
poucos registros sobre a existência dos Jardins Suspensosda Babilônia.
Por isso alguns duvidam de sua existência e há versões diferentes no que se
refere à sua aparência. Há quem diga que se tratava de uma obra feita pelos
homens, constituindo-se em seis terraços, construídos como andares e dando,
por isso, a impressão de suspensos. Lá teriam sido plantadas diversas espécies
de árvores frutíferas.
Entre as diversas visões, o que
existe de unidade a respeito dos jardins é o fato de terem sido algo de beleza
estonteante. Bem além das obras construídas pelo homem, a escritora Roselis von
Sass descreve os Jardins Suspensos, no livro A Desconhecida Babilônia,como
uma maravilha da natureza:
“O que vejo são grandes flores
brancas, bem abertas, parecidas com lírios-d’água. Mas a partir destas
maravilhosas flores brancas cresce uma outra flor de muitas pétalas, de cor
rósea. Pelo menos me parece que cresce da flor branca. As folhas, que
inicialmente eram de cor verde-clara, estão agora mais para verde-escura. As
flores têm o tamanho da mão de um homem, aproximadamente. Toda a região parece
envolta pelo delicado perfume delas.”
Segundo a escritora, o caráter de
jardim suspenso se dava porque as chamadas flores da auroradesabrochavam
numa trepadeira. “Poder-se-ia supor que as flores pendessem, porque eram
grandes e certamente bastante pesadas. Mas se dava justamente o contrário. Elas
tinham talos grossos e fortes, crescendo em posição ereta nas trepadeiras.”
Inúmeros e minúsculos pássaros,
de cor azul-clara e verde-clara chegavam, atraídos pelo perfume. Eles nunca
tinham sido vistos antes no país e, por serem muito pequenos, desapareciam
totalmente dentro das flores.
Por mais que se possa imaginar a
estonteante beleza dos Jardins Suspensos, pouco se fala sobre o motivo de sua
total destruição. Acontece que a cidade de Kadinguirra, situada na antiga
Suméria, região sul da Mesopotâmia, onde hoje se situa o Iraque e a Síria, e
que mais tarde foi denominada Babilônia, já não era a mesma. O culto ao falso
deus Baal crescia e a natureza já não podia ofertar tamanha beleza para
habitantes que não sabiam mais admirar, e que, ao ver as flores, imediatamente
arrancavam-nas do caule. Com o tempo as trepadeiras se extinguiram, deixando
apenas uma saudade no ar.
"— És mais agraciado do que nós, Saadi, por conseguires ver os pequenos seres e falar com eles, falou o príncipe, quase triste. Receio não sermos suficientemente puros para isso. Perdemos essa graça."