"A Li-Erl competia agora a narração. Com a impetuosa alegria da juventude, descreveu ele o jardim e a casa paterna. De repente, tornou-se cônscio de que devia mencionar também o altar que a mãe erigira antes de seu nascimento.
Com surpresa nos olhos, Lie-Tse mirava-o. Isso fora tão sagrado ao jovem, que ele nunca falara a respeito! Com extrema franqueza e naturalidade descrevia o santuário, e mais ainda: começou a falar sobre o Sublime com um entusiasmo, que contagiou a todos.
Os filhos maiores do homem haviam-se reunido ao redor do pai e, atentos, assimilavam o que Li-Erl lhes oferecia. Depois fizeram perguntas, acontecendo então o inesperado: o jovem a tudo respondia com exatidão.
Ditoso em poder ofertar, ele não indagava de onde lhe vinham as respostas. Mais tarde, ao deitar-se prazerosamente sobre o leito, após aquele dia tão maravilhoso, um grande pasmo tomou conta dele. E nisso, chegou-lhe a pergunta de Lie-Tse:
— Diga-me, Li-Erl, quem te transmitiu tudo o que sabes do Sublime?
— Até o dia de hoje, eu mesmo não sabia nem a metade do que me foi dado anunciar, redarguiu Li-Erl, pensativo. A mim parecia como se alguém sussurrasse o que devia responder.
E, de repente, deu-se conta:
— Mas é este o caminho pelo qual chegarei ao verdadeiro conhecimento!
Auxiliando o próximo a encontrar o Sublime, eu próprio O encontro cada vez melhor e mais perfeitamente; encontro a Verdade em todas as coisas.
Empolgado, olhou para Lie-Tse, que com ele se regozijava. Ao adormecer, murmurava ainda:
— Irradia o máximo que puderes da força que o Sublime te outorga, assim ela refluirá a ti em proporção maior!"
Lao-Tse,Coleção o Mundo do Graal