A Saudade é um Par de Asas

maio 11, 2022

Ilustração de penas


"O corpo da gente é uma casca. 

Dentro dele mora uma vontade. 

Às vezes, a vontade rompe a casca e voa. 

Aí, a casca fica vazia. 

Quem fica festeja o voo 

porque voo não é pena. 

E saudade... é um par de asas.”

Sibélia Zanon, Casca vazia

É na infância que surge a descoberta do amor! E com o amor vem a consciência da possibilidade da perda. Depender de uma pessoa que se ama e correr o risco de perdê-la gera uma sensação de grande vulnerabilidade.

Em diversos momentos da vida, a despedida se faz tema e a natureza é uma grande parceira que nos inspira a ler o mundo: o casulo se esvazia e dá vazão ao corpo potente. A casca do ovo se quebra e dá voo ao pássaro. O girassol murcha e doa numerosas sementes. A nuvem se derrama em chuva.

Uma casca vazia pode simbolizar o processo de transformação com suas oportunidades de renascimento. 

Será que aquilo que observamos na natureza das plantas e dos bichos também combina com a natureza das gentes?

Já nas primeiras semanas de formação do feto, uma diversidade de células se multiplicam enquanto outras morrem. A morte programada de determinadas células ajuda a dar forma ao crescimento. Vida e morte coexistem desde o início do processo de desenvolvimento. E assim prosseguem, unidas, com a renovação celular constante dos corpos.

Desde cedo, confrontados com percepções sobre a transitoriedade da vida, podemos seguir sós ou acompanhados. A natureza e a literatura se fazem boas companheiras na observação e vivência simbólica de tudo o que nos toca.

A delicadeza das primeiras experiências com a separação e o luto possibilitam a reflexão sobre os ciclos, sobre as trajetórias de vida, sobre uma existência que abriga renascimentos. Todos merecemos refletir sobre os ciclos de vida dos seres vivos, sobre o nosso ciclo de vida. Ter a liberdade de falar sobre a morte aumenta a potência da vida.

“— A morte e o enigma da morte preocupam a nós, os egípcios, durante todo o tempo de vida… Esse enigma nos persegue. De modo invisível, como um espectro…” 

Roselis von Sass, Sabá, o País das Mil Fragrâncias

Leia na íntegra a edição de O Vaga-Lume com este texto 



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