"Laura abriu os olhos. Sentindo frio, estreitou mais o xale que envolvia seus ombros. Ela havia cochilado e devia ter sonhado. Dando um suspiro, fechou novamente os olhos. Talvez se lembrasse do que realmente havia acontecido… Mas não, era em vão. A vivência no sonho jamais voltaria. E, não obstante, esse sonho tinha sido algo muito especial, pois se sentia assim como se alguém tivesse colocado um bálsamo sobre suas feridas. E de onde lhe viera repentinamente o reconhecimento de que também tinha culpa? Sabia agora que o amor por seu marido tinha sido egoístico. E também de sua filha, Míriam, havia-se descuidado demais. Isto agora seria diferente. ‘A vida continua; tendo falhado, posso também remir…’
Com a esperança despertada em seu coração, levantou-se, dirigindo-se à janela. Profundamente incisiva tinha sido aquela vivência anímica que lhe fora concedida. E essa vivência transmitira-se de tal forma sobre seu corpo terreno, que não mais procurava culpados ao seu redor, e sim em si mesma, vendo seus atos assim como realmente eram.
O autorreconhecimento, cheio de arrependimento, libertou essa mulher e ao mesmo tempo a fez dar um grande passo à frente em seu desenvolvimento espiritual"
Roselis von Sass, Fios do Destino Determinam a Vida Humana
“Já existiu algum inventor que descobrisse algo, sem antes estudar minuciosamente as leis da natureza, adaptando-se a elas cuidadosamente?
Nenhum processo técnico, por exemplo, pode desenvolver-se sem que o ser humano se oriente exatamente pelas leis inamovíveis da natureza.”
Roselis von Sass, Fios do destino determinam a vida humana.
Em nosso contexto, é raro haver silêncio interno e externo. Internamente, cada um está com a mente repleta de palavras: um fluxo incessante de pensamentos, que dificultam perceber o significado essencial. Ao mesmo tempo, não abrimos espaço para ouvir: mal escutamos o que vem de fora, especialmente se não confirmarmos nossas ideias, logo pensando em como defender a própria visão. Assim, a palavra frequentemente confunde e separa, em vez de servir de ponte para uma comunicação autêntica.
"Tentar subir às alturas sem fazer pontes firmes é como ver um filme avançando sempre as partes menos importantes no anseio de se chegar ao fim. Quando se vê, no descuido do afã, perdeu-se sem querer a própria história, com suas pequenas e entretecidas ligaduras.
Uma teia de costura falha, só no alinhavo, com pontos longos e distantes que, ao menor sacolejo, se rompe inutilmente."
Caroline Derschner