“Já vistes uma fruta roída por um verme? interrompeu-se aparentemente.
Os homens, não encontrando nenhuma conexão entre essa pergunta e a narrativa, olharam-no surpresos, mas logo responderam afirmativamente.
Aí ele continuou:
— De fora não se vê que dentro um bicho está corroendo. De início, aliás, o verme é tão ínfimo, que mal pode ser visto. A fruta tem um belo aspecto. Mas o verme cresce e, à medida que aumenta, consome a fruta de dentro para fora. Ela se estraga. Depois de algum tempo não é mais o fruto que deveria ser, mas sim, algo que causa nojo, sendo atirado fora. Compreendeis-me?
Nas almas humanas entrou um verme, pequeno e insignificante: a primeira desobediência ao grande e bondoso Deus. Ele tinha dito: Eu sou o Supremo. Ao Meu lado nada existe! Mas o ser humano achou que cada pessoa era para si mesma o que existe de mais importante e sublime. Ele não se colocouao lado de Deus, mas sim,acima Dele!
Não é assim, meus amigos? Refleti apenas um pouco!
Zoroaster calou-se para lhes dar tempo para raciocinar.”
Zoroaster, Coleção O Mundo do Graal
"O conhecido “saci”, de uma só perna, certamente faz parte da espécie dos curupiras. Esses entes, quando se locomovem, dão realmente, às vezes, a impressão de que têm apenas uma perna…”
Roselis von Sass, Revelações Inéditas da História do Brasil

Sibélia Zanon
A beleza é mandamento na asa de passarinho. Se assim não fosse, a cor não habitaria tanta pena. Planando em altura e com leveza, a beleza é arrebatamento – um horizonte se deita sob suas asas.
A beleza chega a ser pungente – pulsa e se faz reconhecer fácil e intimamente. É essência e necessidade numa vida que busca inteirezas.
Por ser tão forte, chega a provocar desconforto ao revelar a ferida. Deflagra aquilo que o cotidiano – coberto com um manto tecido de dor e breu – não consegue ser. Ao iluminar a penumbra costumeira, a beleza constitui-se num lembrete da escassez e pode fazer doer uma saudade. O que parecia conforto passa a ser…

“Nas escarpadas encostas, que se situavam como proteção, no lado do poente, eles queriam pernoitar. Ali armaram suas peles em forma de tendas, para se protegerem contra o vento da noite. Construíram um pequeno fogão de pedras, para fazerem fogo à noite.
Então seguiram o caminho até alcançarem o fim da alta planície. O céu irradiava uma indescritível claridade, o Sol declinava e o mar parecia chamejar. No chão branco da margem arenosa e calcária, com leve declive, e cujas beiras eram lavadas pelo mar, pairava um brilho áureo-cintilante...”
Éfeso, Coleção o Mundo do Graal
