“Precisavam caminhar uma certa distância até chegar à torre dos astrônomos. Era quase meio-dia. Todos pararam, como que atordoados, um pouco antes da torre. Quem, alguma vez, havia visto uma suntuosidade e maravilha como aquela? Até Emengal e Iltasa tinham lágrimas nos olhos. Um grupo de crianças, em período de lazer, estavam sentadas numa campina florida, olhando com veneração para as maravilhosas flores, nunca vistas.
Os botões, nas trepadeiras de muitos metros que pendiam, haviam-se transformado em flores aromáticas.
— Flores como estas nunca houve na Terra, disse Emengal, falando baixinho. É difícil descrever flores que nunca existiram na Terra.
E continuou:
— O que vejo são grandes flores brancas, bem abertas, parecidas com lírios-d’água. Mas a partir destas maravilhosas flores brancas cresce uma outra flor de muitas pétalas, de cor rósea. Pelo menos me parece que cresce da flor branca. As folhas, que inicialmente eram de cor verde-clara, estão agora mais para verde-escura. As flores têm o tamanho da mão de um homem, aproximadamente. Toda a região parece envolta pelo delicado perfume delas.
Iltasa, que tinha observado diariamente as trepadeiras, explicava agora a todos que as flores se fechavam ao pôr do sol, reabrindo-se no dia seguinte ao nascer do sol. Quando se abriam, tomavam primeiramente a cor da aurora. Contudo, não demorava muito e ficavam novamente brancas. Estando totalmente abertas, podia-se notar como as flores, de cor rósea e de muitas pétalas, se abriam inteiramente dentro da maravilha branca.
— E os inúmeros e minúsculos passarinhos! Azul-claros e verde-claros! Jamais houve desta espécie aqui! Desaparecem totalmente nas flores! disse Emengal.
Poder-se-ia supor que as flores pendessem, porque eram grandes e certamente bastante pesadas. Mas dava-se justamente o contrário. Elas tinham talos grossos e fortes, crescendo em posição ereta nas trepadeiras.
— Como devemos chamar estas flores? perguntou Iltasa às crianças que tinham chegado mais perto.
As crianças tinham muitos nomes, mas nenhum que combinasse com aquelas flores. Depois de muitas considerações, disse Emengal:
— Eu as chamaria flores da aurora!
E assim ficou… Não havia nada que superasse a beleza das flores da aurora, que mais tarde foram chamadas também de jardins suspensos. Com razão foram denominadas uma das maravilhas do mundo.”
Roselis Von Sass, A Desconhecida Babilônia