O cientista e matemático inglês Isaac Newton dizia: “O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano.” Com o oceano pela frente a ser desbravado, parece difícil explicar o mundo com base em uma gota. Mais difícil ainda, quando ao abrir o jornal, as péssimas notícias martirizam o humor já abalado de uns e a fé pouco convicta de tantos. Mas insistindo ainda na gota...
“Considere-se a gota d’água, cuja incondicional pureza cada olho testemunha e que, observada através dum microscópio, encerra milhares de seres vivos, que dentro dela, sem piedade, lutam e se destroem. Não há, às vezes, bacilos na água, no ar, que possuem força para destruir corpos humanos, e que não são percebidos pelos olhos? Todavia se tornam visíveis através de instrumentos aperfeiçoados.” A riqueza e singularidade da vida na gota são tratadas pelo escritor e filósofo Abdruschin e ele prossegue: “Quem ousará ainda depois disso afirmar que não encontrareis coisas novas até agora desconhecidas, tão logo aperfeiçoardes melhor tais instrumentos? Aperfeiçoai-os mil vezes, milhões de vezes, mesmo assim a visão não terá fim; pelo contrário, diante de vós se desvendarão sempre de novo mundos que antes não podíeis ver nem sentir e que, todavia, aí já existiam. O pensamento lógico leva a idênticas conclusões sobre tudo o mais que as ciências até agora conseguiram colecionar. Dá-se a expectativa de permanente desenvolvimento e nunca, porém, de um fim.”
A dificuldade em ver um fim, poderia ser traduzida pela imensidão do oceano de Newton.
Querer entender e explicar o mundo faz parte da natureza humana. É desejo de cientistas, filósofos, religiosos... talvez seja possível generalizar, afirmando ser um anseio do ser humano como espécie.
Com tamanha diversidade de pessoas é natural que as metodologias possam diferir, mas imaginar que ciência e espiritualidade seriam antagônicas não tem fundamento.
Se por um lado, o vínculo unilateral de parte dos cientistas com o raciocínio puro, ignorando outros sinais do oceano ou qualquer tipo de espiritualidade, traz muitas vezes respostas parciais, por outro lado a recusa que a ciência sofre por parte de entidades religiosas — que na história, pode ser traduzida por casos como o de Galileu Galilei — não é justificável.
Com certeza, ciência e espiritualidade podem e devem ser complementares. Se assim fosse, então o oceano diminuiria um pouquinho de tamanho.
Texto revisado, publicado no periódico Literatura do Graal, número 12.