Entre a Gota e o Oceano - Uma Reflexão sobre Ciência e Espiritualidade

maio 07, 2020

Uma gota de água translúcida caindo sobre um logo refletindo a beleza do entorno e a leveza do movimento da água.

O cientista e matemático inglês Isaac Newton dizia: “O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano.” Com o oceano pela frente a ser desbravado, parece difícil explicar o mundo com base em uma gota. Mais difícil ainda, quando ao abrir o jornal, as péssimas notícias martirizam o humor já abalado de uns e a fé pouco convicta de tantos. Mas insistindo ainda na gota... 

“Considere-se a gota d’água, cuja incondicional pureza cada olho testemunha e que, observada através dum microscópio, encerra milhares de seres vivos, que dentro dela, sem piedade, lutam e se destroem. Não há, às vezes, bacilos na água, no ar, que possuem força para destruir corpos humanos, e que não são percebidos pelos olhos? Todavia se tornam visíveis através de instrumentos aperfeiçoados.” A riqueza e singularidade da vida na gota são tratadas pelo escritor e filósofo Abdruschin e ele prossegue: “Quem ousará ainda depois disso afirmar que não encontrareis coisas novas até agora desconhecidas, tão logo aperfeiçoardes melhor tais instrumentos? Aperfeiçoai-os mil vezes, milhões de vezes, mesmo assim a visão não terá fim; pelo contrário, diante de vós se desvendarão sempre de novo mundos que antes não podíeis ver nem sentir e que, todavia, aí já existiam. O pensamento lógico leva a idênticas conclusões sobre tudo o mais que as ciências até agora conseguiram colecionar. Dá-se a expectativa de permanente desenvolvimento e nunca, porém, de um fim.” 

A dificuldade em ver um fim, poderia ser traduzida pela imensidão do oceano de Newton. 

Querer entender e explicar o mundo faz parte da natureza humana. É desejo de cientistas, filósofos, religiosos... talvez seja possível generalizar, afirmando ser um anseio do ser humano como espécie. 

Com tamanha diversidade de pessoas é natural que as metodologias possam diferir, mas imaginar que ciência e espiritualidade seriam antagônicas não tem fundamento. 

Se por um lado, o vínculo unilateral de parte dos cientistas com o raciocínio puro, ignorando outros sinais do oceano ou qualquer tipo de espiritualidade, traz muitas vezes respostas parciais, por outro lado a recusa que a ciência sofre por parte de entidades religiosas — que na história, pode ser traduzida por casos como o de Galileu Galilei — não é justificável. 

Com certeza, ciência e espiritualidade podem e devem ser complementares. Se assim fosse, então o oceano diminuiria um pouquinho de tamanho.

Texto revisado, publicado no periódico Literatura do Graal, número 12.


Leia Também

Curupiras, faunos ou Saci

outubro 28, 2025


"
O conhecido “saci”, de uma só perna, certamente faz parte da espécie dos curupiras. Esses entes, quando se locomovem, dão realmente, às vezes, a impressão de que têm apenas uma perna…”


Roselis von Sass,  Revelações Inéditas da História do Brasil

Leia Mais
Beleza Mínima

outubro 25, 2025


Sibélia Zanon

A beleza é mandamento na asa de passarinho. Se assim não fosse, a cor não habitaria tanta pena. Planando em altura e com leveza, a beleza é arrebatamento – um horizonte se deita sob suas asas.

A beleza chega a ser pungente – pulsa e se faz reconhecer fácil e intimamente. É essência e necessidade numa vida que busca inteirezas. 

Por ser tão forte, chega a provocar desconforto ao revelar a ferida. Deflagra aquilo que o cotidiano – coberto com um manto tecido de dor e breu – não consegue ser. Ao iluminar a penumbra costumeira, a beleza constitui-se num lembrete da escassez e pode fazer doer uma saudade. O que parecia conforto passa a ser…

Leia Mais
Natureza abundante

outubro 21, 2025


“Nas escarpadas encostas, que se situavam como proteção, no lado do poente, eles queriam pernoitar. Ali armaram suas peles em forma de tendas, para se protegerem contra o vento da noite. Construíram um pequeno fogão de pedras, para fazerem fogo à noite.

Então seguiram o caminho até alcançarem o fim da alta planície. O céu irradiava uma indescritível claridade, o Sol declinava e o mar parecia chamejar. No chão branco da margem arenosa e calcária, com leve declive, e cujas beiras eram lavadas pelo mar, pairava um brilho áureo-cintilante...”


Éfeso, Coleção o Mundo do Graal

Leia Mais