“Hoje,
o mercado demanda uma felicidade dinâmica e incessante, como um ‘ fast-food’ da
alma. O mundo veloz da internet, do celular, do mercado financeiro nos obriga a
uma gincana contra a morte ou velhice. Ser deprimido não é mais ‘comercial’. É
impossível ser feliz como nos anúncios de margarina...”,escreve o jornalista e cineasta Arnaldo Jabor.
Vivemos
num universo, em que expectativas desmedidas, vendidas pelos comerciais, nos
fazem acreditar que merecemos tudo de melhor o tempo todo. Dessa forma não
conseguimos mais agradecer, porque só temos tempo para exigir. A felicidade,
que em tempos antigos estava implícita no simples fato de se estar vivo e poder
usufruir dessa experiência, hoje é mais exigente. A publicidade alerta: Não
basta nascer, é preciso ter!
No
artigo Indústria cultural da felicidade,a filósofa Marcia Tiburi diz que
o emprego da palavra felicidade tornou-se perigoso desde seu mau uso pelas
publicações de autoajuda e pela propaganda, sendo que antes a felicidade se
traduzia no ideal ético de uma vida justa.
“A
felicidade sempre foi mais do que essa ideia de plástico. Tirá-la da cena hoje
é dar vitória antes do tempo ao instinto de morte que gerencia a agonia
consumidora do capitalismo. Por isso, para não jogar fora a felicidade como
signo da busca humana por uma vida decente e justa, é preciso hoje separar duas
formas de felicidade: uma felicidade publicitária e uma felicidade filosófica”.
Somos
seres movidos pela busca, pelo anseio de encontrar respostas. A saudade ou a
inquietação nos move a buscar entendimento, compreensão. Tanto para as dores
quanto para o maravilhamento ofertados pela vida. Mas somos assediados pela
constante tentação de calar essa inquietação com um paliativo qualquer.
“Procurais
então atordoar ou contentar a inquietação novamente com qualquer coisa, de modo
errado. E como para tanto só empregais o raciocínio, naturalmente também
lançais mão de desejos terrenos, esperais satisfazer esse anseio no acúmulo de
riquezas terrenas, na correria do trabalho ou em divertimentos dispersivos, na
comodidade enfraquecedora...”,considera Abdruschin em Na Luz da Verdade.
A
angústia interior que nos faz inquietos só vai ser saciada com buscas por
valores mais elevados e não com as efêmeras alegrias superficiais
oferecidas pela felicidade publicitária.
A busca
pela felicidade, considerando-se aqui a felicidade filosófica,torna-se
então mais complexa e profunda, já que a felicidade verdadeira vem como
consequência daquilo que somos e exige que o olhar seja ampliado, abrangendo
também o lado de fora e não apenas a satisfação pessoal e imediatista.
Isso
porque quando olhamos exclusivamente para nós mesmos, buscando do lado de
dentro, ficamos fechados numa espécie de cismar autoanalítico e choramos nossas
desilusões e faltas. Quando abrimos os olhos para as dores do outro,
considerando portanto o lado de fora, passamos a buscar uma forma de dar.
Olhar
para fora nos ensina a reconhecer os valores, conhecimentos e capacitações que
já possuímos e as que ainda podemos conquistar. Desabrocha, assim, a
possibilidade de cuidar e a necessidade da troca. Dessa forma, a urgência pela
busca da felicidade pode até diminuir, porque não teremos mais tanto o desejo
de receber, já que estaremos ocupados em dar.
"Com o tempo desenvolveu-se entre os colonizadores espalhados nas margens do grande rio um movimentado intercâmbio com os produtos de seu trabalho.
Eles utilizavam as vias navegáveis para o transporte de suas mercadorias. Com isso se mesclavam os grupos de tribos isoladas. Um aprendia com o outro; um regozijava-se com o progresso do outro, aproveitando suas experiências.
Assim eles eram elos úteis na corrente das forças servidoras desta Criação. Outra coisa também não deveriam ser. Imaculada e límpida permanecia a sua vontade. Quais crianças alegres e cheias de gratidão, serviam ao Criador e ajudavam-se mutuamente."
Aspectos do Antigo Egito, Coleção o Mundo do Graal
A esperança é resiliente e terna, exigindo paciência e confiança. Ela prospera no incessante esforço para a realização. Enquanto força coletiva, partilhada, torna-se mais potente, possibilitando cura e reconstrução. Assista ao vídeo.
"Alegria e felicidade podem existir em toda a Criação. Miséria e aflição, doença e crime, vós, seres humanos, sozinhos os criais, porque até hoje não quisestes reconhecer onde se encontra a incomensurável força que vos foi outorgada no caminho através de todos os mundos, que tendes de peregrinar para o desenvolvimento, por vosso próprio desejo.”