Viver pacificamente

outubro 06, 2021

onda do mar

"O dragão observava com a cabeça bem erguida e sem o menor movimento a aproximação do estranho. O cheiro e tudo o mais que emanava desse estranho já há muito tinha chegado até ele, tendo sido “examinado”.

Se o resultado do “exame” fosse favorável, o dragão movia seu pescoço comprido de um lado para outro, como num cumprimento, enquanto suas asas vibravam levemente.

Ao ver esses sinais, o estranho aproximava-se rapidamente do animal, passava a mão carinhosamente pelo pescoço escamoso e ofertava-lhe os doces de mel, que eram aceitos de bom grado. A união ou pacto estava então selado, perdurando geralmente por toda a vida.

Totalmente diferente era o comportamento do dragão se o “exame” fosse desfavorável para o pretendente. O animal baixava o pescoço, tocando o solo com a cabeça. Também não havia vibração em suas asas. Para o candidato à amizade do dragão, esse era um momento amargo. Fora recusado, sendo obrigado a voltar sem nada ter conseguido.

Para os seres humanos de hoje, esse relacionamento com os dragões parecerá fantasioso e improvável. Esquecem, no entanto, que naquele tempo ainda não havia medo e animosidade entre o ser humano e o animal. Ambas as espécies viviam pacificamente, lado a lado, como criaturas que possuíam direitos iguais. Os seres humanos de então ainda não roubavam dos animais suas possibilidades de existência, destruindo as florestas e sujando os rios …"


Roselis von Sass, Atlântida - Princípio e Fim da Grande Tragédia


Acesse o livrete desta obra





Leia Também

Beleza Mínima

outubro 25, 2025


Sibélia Zanon

A beleza é mandamento na asa de passarinho. Se assim não fosse, a cor não habitaria tanta pena. Planando em altura e com leveza, a beleza é arrebatamento – um horizonte se deita sob suas asas.

A beleza chega a ser pungente – pulsa e se faz reconhecer fácil e intimamente. É essência e necessidade numa vida que busca inteirezas. 

Por ser tão forte, chega a provocar desconforto ao revelar a ferida. Deflagra aquilo que o cotidiano – coberto com um manto tecido de dor e breu – não consegue ser. Ao iluminar a penumbra costumeira, a beleza constitui-se num lembrete da escassez e pode fazer doer uma saudade. O que parecia conforto passa a ser…

Leia Mais
Natureza abundante

outubro 21, 2025


“Nas escarpadas encostas, que se situavam como proteção, no lado do poente, eles queriam pernoitar. Ali armaram suas peles em forma de tendas, para se protegerem contra o vento da noite. Construíram um pequeno fogão de pedras, para fazerem fogo à noite.

Então seguiram o caminho até alcançarem o fim da alta planície. O céu irradiava uma indescritível claridade, o Sol declinava e o mar parecia chamejar. No chão branco da margem arenosa e calcária, com leve declive, e cujas beiras eram lavadas pelo mar, pairava um brilho áureo-cintilante...”


Éfeso, Coleção o Mundo do Graal

Leia Mais
Domínio do corpo

outubro 18, 2025


Qualquer exercício especial dá sempre apenas um mísero sucedâneo da força consciente da grande simplicidade, que reside na naturalidade do autodomínio permanente. 


Abdruschin, Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal


Leia Mais