Sibélia Zanon
Às vezes, no meio do gramado, nasce uma miniflor. Uma margarida em tons amarelos com minipistilos. Seu pólen atrai pequenas abelhas e insetos. É como se ela tivesse sido esculpida com o mesmo apreço e a mesma precisão dispensada às maiores obras da natureza. Minuciosamente.
Ao olhar de perto, quem ousaria dizer que uma flor grande tem valor diferente?
Se pensarmos sobre as atividades desenvolvidas pelas pessoas, sejam trabalhos pequenos ou grandes, o que é grandioso?
Quando um trabalho é cuidado do início ao fim e entregue de maneira limpa, quando os prazos são cumpridos, quando o que é prometido é realizado, quando o capricho aparece no acabamento, quando o atendimento é cuidadoso e gentil, quando não há oportunismo, mas há oportunidade de florescer… transparece algo de grande!
Cada pequena ação pode estar impregnada de grandiosidade, quando guiada por um desejo do bem.
“Já existiu algum inventor que descobrisse algo, sem antes estudar minuciosamente as leis da natureza, adaptando-se a elas cuidadosamente?
Nenhum processo técnico, por exemplo, pode desenvolver-se sem que o ser humano se oriente exatamente pelas leis inamovíveis da natureza.”
Roselis von Sass, Fios do destino determinam a vida humana.
Em nosso contexto, é raro haver silêncio interno e externo. Internamente, cada um está com a mente repleta de palavras: um fluxo incessante de pensamentos, que dificultam perceber o significado essencial. Ao mesmo tempo, não abrimos espaço para ouvir: mal escutamos o que vem de fora, especialmente se não confirmarmos nossas ideias, logo pensando em como defender a própria visão. Assim, a palavra frequentemente confunde e separa, em vez de servir de ponte para uma comunicação autêntica.
"Tentar subir às alturas sem fazer pontes firmes é como ver um filme avançando sempre as partes menos importantes no anseio de se chegar ao fim. Quando se vê, no descuido do afã, perdeu-se sem querer a própria história, com suas pequenas e entretecidas ligaduras.
Uma teia de costura falha, só no alinhavo, com pontos longos e distantes que, ao menor sacolejo, se rompe inutilmente."
Caroline Derschner