Quando
pequena eu gostava de colecionar sementes que achava no quintal. Chamava-as de
nenéns e cuidava delas como se cuida de gente pequena. Olhava uma a uma e
juntava-as num saquinho de pano ou nos bolsos da calça fofa de veludo.
Colecionar
experiências é tarefa exigente. Depende da intensidade ou atenção com que
vivemos o presente e nele nos movimentamos. Depende da abertura que
desenvolvemos para aproveitar toda a potencialidade daquilo que nos acontece.
Depende, ainda, do poder de maravilhar-se com o ordinário no cotidiano.
Assim,
muitas vezes, uma vivência pode ser despertada por uma observação atenta da
natureza e até mesmo por meio de um filme, um livro, uma notícia, uma música
e não apenas por aquilo que nos atinge de forma intensa, sejam insucessos ou
felicidades.
Contudo,
para conseguir extrair das experiências o significado é preciso movimentar-se.
Isso não significa, necessariamente, buscar experiências extraordinárias, mas
ter o euaberto e atento ao presente e a todos os pequenos e grandes
acontecimentos, refletindo sobre as ações individuais e coletivas, suas motivações,
consequências e significados. Com o olhar alerta, podemos ir colecionando
aquelas sementes do cotidiano, que guardam em si o potencial de brotar
vivências significativas dentro de cada um.
“Quando me foi permitido reunir-me novamente com meus acompanhantes, para vivenciar mais uma parte do desenvolvimento do meu astro-pátrio, vi que a Terra já estava coberta de verde em muitos lugares.”
Lidar com falhas, imperfeições e erros — os nossos e os dos outros — é um desafio. Vale lembrar que ninguém está pronto, somos inacabados porque em processo de evolução. Colocar-se nos relacionamentos de forma propositiva e auxiliadora, buscando compreender a história, o momento e a maturidade do outro é uma forma de doação. E conforme nos doamos, também recebemos.
“Tudo é interação e reciprocidade.” Alexander von Humboldt