Daniela Schmitz Wortmeyer
O termo “advento” tem como origem a palavra latina adventus, que significa “chegada, vinda”, do verbo advenīre, “chegar, vir para perto”. Seu sentido se relaciona ao aparecimento ou chegada de algo ou alguém, e também ao que se começa ou institui. É bastante sugestivo que, nas religiões cristãs, o período denominado Advento, que corresponde às quatro semanas que antecedem o Natal, seja o marco do início do ano litúrgico.
O Advento é um tempo de expectativa, em que o turbilhão interno busca se aquietar, preparando-se para o que há de vir. Nas palavras do monge beneditino Anselm Grün, é um exercício de esperança:
“Nesse período, devemos entrar em contato com aquilo que o nosso coração anela. É bem consciente que vivemos o Advento como a fase do esperar. Sem esperança, o ser humano fica enfraquecido. Quem não sabe mais ter esperança não sabe tampouco entender o mistério do tempo, o qual é sempre promessa do eterno.”
Rituais por vezes contribuem para uma atmosfera favorável à interiorização e busca de conexão com o eu mais profundo. Por exemplo, algumas pessoas ainda cultivam a tradição de, nos quatro domingos antes do Natal, realizarem uma leitura ou reflexão especial, como forma de silenciar a mente e abrir espaço para a experiência do sagrado. Há um simbolismo relacionado à chamada coroa ou grinalda de Advento, cujas quatro velas são acesas progressivamente, começando com uma única vela no primeiro domingo, à qual mais uma vai sendo acrescida a cada domingo subsequente, culminando com todas as velas acesas no último dia. Assim como a luz se amplia externamente, os corações das pessoas que participam intimamente do ritual se iluminam e aquecem, em crescente expectativa pela chegada de algo que preencha suas almas.
“Quem dentre os fiéis, aliás, já pressentiu a grandeza de Deus, que se patenteia no acontecimento, ocorrido serenamente naquela Noite Sagrada, através do nascimento do Filho de Deus. Quem pressente a graça que com isso foi outorgada à Terra, como um presente!” – pondera o escritor Abdruschin.
Preparar-se para vivenciar profundamente o Natal, para além das exterioridades e convenções sociais, pode abrir caminho para uma nova conexão com a existência, para receber forças renovadas provenientes da Fonte da própria Vida. À sua maneira, cada pessoa pode aproveitar esse impulso para cultivar um espaço muito pessoal, sagrado, de interiorização – o qual, como o ventre da terra, abriga e nutre em silêncio as novas sementes que hão de nascer.
A beleza verdadeira comove e convida ao voo. Ela pode ser capturada pelos sentidos e pela alma. Por isso não é acessório. É bálsamo e cura. Para além daquelas grandiosas, as pequenas belezas acendem uma luz no cotidiano. Podem ser vistas ou também sentidas num gesto, numa ação. Cada pessoa, assim como cada povo, tem sua expressão particular de beleza, atuando como doador e colaborador no engrandecimento do mundo.
“Sempre e sempre de novo se reconhece que tudo, mas tudo mesmo, se encontra exclusivamente nas mãos do próprio ser humano. Unicamente ele é senhor do seu próprio destino...”
Roberto C. P. Junior, Jesus Ensina as Leis da Criação