Em 1972, a tripulação da missão Apollo 17, a caminho da Lua, tirou uma
foto da Terra. A imagem, amplamente divulgada, foi a primeira fotografia nítida
do planeta iluminado. Astronautas costumam dizer que ver a Terra, pelo lado de
fora, é algo de grande impacto. Com suas cores e seu constante movimento, a
Terra é um convite à introspecção quando vista do espaço. Dificilmente alguém
que vive essa experiência volta para casa da mesma maneira, pois o cenário, de
uma beleza arrebatadora, intensifica a capacidade de apreciar.
Apreciar... A Terra, organismo vivo e frágil, reúne as condições exatas
para abrigar a vida humana. Maior proximidade ou distância do Sol fariam o seu
clima escaldante ou congelante. O seu campo magnético trabalha como um escudo
protetor contra as irradiações agressivas do espaço e do Sol. Em proporção
exata, a atmosfera da Terra contém os gases essenciais à vida e equilibra a
temperatura, criando uma variação climática pequena entre o dia e a noite. A
água e o solo aqui existentes têm as características necessárias para
possibilitar a produção de alimentos. Como não apreciar uma obra tão perfeita,
majestosa e delicada, que acolhe a vida como um grande útero?
A natureza inteira sustenta-se na exatidão. As leis da física, da
química, da biologia são leis da natureza que demonstram sua coerência nos
aspectos mais cotidianos. É como se essas leis regulassem o coração que bombeia
vida para dentro desse imenso organismo que nos protege.
Talvez não seja necessário ir até o espaço para confirmar a perfeição arrebatadora,
mas abrir uma brecha para observar o que nos cerca. Na medida em que
constatamos a coerência das leis naturais, que obrigam à regularidade dos fenômenos,
além de apreciar, passamos a confiar. Confiar na condução coerente que permeia
as engrenagens da vida.
Quando isso se dá, em vez de adotarmos uma postura defensiva em relação
ao que nos acontece, buscamos entender a conjuntura do presente e vivenciar a
situação, podendo avançar desse estágio para um próximo. Confiar numa força
maior, que nos protege do acaso, é parte do processo incentivador das coisas
boas e poderosas, fonte de paz e de fortalecimento, um convite para vivenciarmos
a grandiosidade do agora, seja no espaço ou aqui mesmo, neste chão que temos
como lar.
“Os incas daquele tempo não conheciam doenças. Nasciam saudáveis, alimentavam-se corretamente e também respiravam de modo certo; assim, com saúde, podiam deixar a Terra...”