Pé no gramado, comer a jabuticaba direto
da árvore, uma brincadeira na poça d’água, a primeira vez no mar... cada um
tem suas recordações de infância.
Além do potencial sensorial e poético,
a natureza oferta um enorme potencial pedagógico. Acompanhar o despertar de
uma semente, a colheita de uma fruta, os ciclos nas estações.
Em tempos de mais cinzas do que verdes,
que tal refletir sobre o visível e o invisível, que cercam as pequenas e
grandes belezas da natureza?
Resgatar para o presente uma pincelada
da relação próxima que os povos antigos tinham com os seres das florestas, das
águas, do ar?
“— A Dompi é um ser da natureza, que
cuida da hortelã e das outras ervas, sabe? A vovó sempre me conta histórias
sobre fadas, gnomos, sereias... Ela me contou que a Dompi é mais ou menos do
meu tamanho e tem um gorro vermelho enfeitado com folhas de hortelã, Julinha!
Ai, ela deve ser tão linda!”
Quem eram os deuses da Antiguidade?
Fadas, sereias, elfos, gigantes... Eles continuam vivos? A hortelã ainda não
secou. Novas estrelas são descobertas. As flores não deixaram de se abrir.
Falta abrir a cortina das lendas... e pressentir a grandiosidade do que nos
cerca.
Nem tudo o que existe a gente vê e nem por isso as coisas
deixam de existir!
“Popularmente falando, a verdadeira crença deve ser, portanto, uma força que, irradiando do espírito do ser humano, penetre em sua carne e em seu sangue, tornando-se assim uma única evidência natural. Nada de artificial, nada de forçado, nada de aprendido, mas apenas vida! ”
O querer não cessa. Estamos sempre direcionando nossa energia e força para algum objetivo ou objeto de desejo. Impulsionador do pensar, falar e agir, o querer tem camadas de profundidade e movimenta quem somos.