“Deus é a força que impulsiona as leis da natureza, a
força que ninguém ainda compreendeu, que ninguém viu, mas cujos efeitos cada
um, dia a dia, hora a hora, até mesmo nas frações de todos os segundos, tem de
ver, intuir, observar, se apenas quiser ver, em si próprio, em cada animal,
cada árvore, cada flor, cada fibra de uma folha, quando irrompe do invólucro
para chegar à luz.”
Hoje estava passando por um bairro vizinho e, ao olhar as calçadas, pude
pressentir algo diferente, mas nada igual ao que eu veria na sequência...
Um portão antigo de ferro, fechado, deixava vislumbrar o caminho
intocado que levava ladeira acima.
Provavelmente no topo estaria uma casa esquecida, que não teria
recebido visitantes nos últimos tempos. O clima seco, sem chuvas, também teria
colaborado para o que pude ver.
A ladeira, que conduzia para a casa, estava recheada de neve. Nunca
vi igual.
Uma camada alta, fofa e branca. Encantada e... quente.
Havia muito e muito algodão, formando um tapete de pontos felpudos e
brancos. Aconchegante, convidativo, acolhedor.
Olhei para o céu, em busca da fábrica de algodão, e descobri
paineiras irmanadas, carregadas de bolas brancas.
Fiquei feliz por existirem casas abandonadas, onde vassouras e
rastelos ficam preguiçosos, jogados em um velho barracão no jardim de ninguém.
Acho que o tapete, recepção de primavera, foi tecido para os
beija-flores. Agora eles têm muita
matéria-prima para construir suas casas, doçuras arquitetônicas do
inusitado.
E nós, passantes, um pouco tontos, um tanto apressados, podemos de
novo acreditar que ainda existem caminhos macios e brancos para se
trilhar.
“Temos de nos mostrar dignos de nossa condição humana! Devemos nos movimentar e trabalhar, criando um mundo no meio do reino da natureza, um mundo de beleza e harmonia! Atuando assim, então não seremos somente os que recebem, mas também os doadores!”
“Somente no decorrer dos últimos sete mil anos é que foi aniquilado totalmente o verdadeiro saber que as criaturas humanas possuíam da atuação dos enteais.”
“Nós, incas, não conhecíamos a mentira. Nem tínhamos uma palavra ou uma expressão para denominar tal mal. Agora, contudo, somos obrigados a nos ocupar com esse mal, se quisermos libertar os outros disso e curá-los”.