Peito preenchido

abril 26, 2022

Ilustração de baleia soltando jato de água

“Alaparos ainda recolheu algumas flores que haviam caído no chão, cheirando-as.

— O aroma das flores purifica os órgãos de respiração e dissolve as névoas do cérebro.” 

Roselis von Sass, A Desconhecida Babilônia

Há vezes em que nos sentimos va­zios, mesmo estando repletos. Tenho pensado nisso depois de descobrir que a falta de ar não significa exatamente a dificuldade em preencher o peito. Mas, em primeiro lugar, a dificuldade em esvaziá-lo. 

O ar preso, retido do lado de dentro, já não tem a qualidade do frescor, não consegue mais prestar seu serviço de renovação. A pessoa que tem o ar confinado não consegue também participar do ciclo completo da respiração: sorver o ar, transformá-lo e devolvê-lo.

A devolução pode ser percebida como uma forma de doação. O dióxido de carbono da nossa expiração é absorvido pelas plantas, beneficiando-as e convocando-as a purificar o início de um novo ciclo. 

Para sentir-se pleno de ar é preciso saber-se vazio.

Essa imagem me pareceu emblemática para tantas outras situações. A ausência de frescor em muitas circunstâncias da vida pode denunciar a falta de fluxo, de movimento, de troca com o mundo exterior. A falta de ir e vir.

A dificuldade em sentir gratidão, por exemplo, pode denotar a incapacidade de perceber os presentes que se recebe. Sem notar que o interior está repleto, guardamos tudo dentro e não conseguimos transbordar benefícios para o universo. Ficamos cheios e infelizes.

Também as ideias ou conceitos que se fazem pedra no nosso interior, sem que consigamos pensar sob outros ângulos ou ter alguma flexibilidade na forma de olhar, podem refletir a incapacidade de circulação de pontos de vista que tragam novos discernimentos. Sempre as mesmas ideias fixas enrijecendo a forma de julgar.

Quando nos sentimos vazios, pode ser que esteja acontecendo exatamente o contrário. Será que podemos aprender a expirar, a nos esvaziar daquilo que não mais nos serve para ga­nhar novo fôlego, espaço, ar?

Leia na íntegra a edição de O Vaga-Lume com este texto



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