Elos integrados

janeiro 28, 2016

Sibélia Zanon


Temos o hábito de ver a vida em fragmentos. Os médicos, cada vez mais, se especializam em partes cada vez menores do nosso corpo. Pensamos por partes, e acreditamos que o pequeno panorama que conseguimos vislumbrar representa a realidade última do todo.

Às vezes, até conseguimos, sim, imaginar o todo. A natureza nos faz vislumbrar a vida integrada, elementos funcionando em interdependência. Como exercício, podemos pensar que os frutos dependem das abelhas, que dependem da vegetação rica em néctar e pólen, que depende das chuvas, que dependem das florestas, que dependem dos pássaros, que dependem dos frutos e assim por diante. Poderíamos formar rodas e mais rodas de associações recíprocas e integradas.

Se fizéssemos uma teia com os elementos da natureza, tudo poderia ser interligado em suas causas e efeitos. Até uma fruta passada tem sua função integrada ao todo, dispersando sementes e enriquecendo o solo para tudo o que virá.

De alguma forma, tudo o que é vivo está interligado, mantendo relações. E por que seria diferente com o ser humano?

A mesma integração que permeia a natureza também nos engloba numa teia de acontecimentos, de pensamentos, de ações que influenciam nossas vidas, ao mesmo tempo em que nós mesmos influenciamos outras vidas. Podemos não gostar da atuação de uma empresa e, mesmo sem notar, usar materiais que ela produz. Podemos condenar a poluição dos rios, mas pode ser que algum prédio que frequentamos, por motivos de trabalho ou lazer, jogue seus detritos em algum rio. Podemos achar ruim a violência que ocorre do outro lado do mundo, mas será que não estamos de alguma forma contribuindo para a sua existência? O quanto estamos implicados num mundo que não queremos ter?

Ou seja, mesmo por pensamentos, nos integramos à teia e podemos reforçar atitudes que condenamos.
 Nesse sentido, somos elos. Cada um é o elo de uma corrente. Um elo complexo, capaz de pensar, agir, colaborar ou subtrair. Um elo que pode ser forte ou frágil. Mesmo que nossa visãonunca possaabranger 360 graus, podemos imaginar a importância que cada elo desempenha no todo. O modo de ser de cada elo pode fazer o todo mais ou menos forte.

Seria então possível potencializar nossa atuação para o que é bom? Na mesma medida em que podemos reforçar atitudes que condenamos, podemos apoiar atitudes que admiramos. E quando cuidamos para que um elo permaneça íntegro, também contribuímos para que não haja fissuras no todo. 
Buscar um olhar abrangente, que entende que estamos integrados num contexto amplo, nos torna mais humanos, mais conscientes de nossa participação como elos de algo maior.



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.”


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