“Por certo terá alguma vez existido esse tempo, em que os homens eram unos com as forças da natureza. O que foi que os levou a se extraviarem, assim, em outras direções?
— O funesto querer saber, Gáutama, respondeu Rahula ponderadamente. Basta contar às pessoas alguma coisa, tratam logo de envolvê-la com as próprias ideias; turvam a visão da simplicidade, da naturalidade, envaidecem-se logo com o próprio saber, cortando todo contato possível com aquilo que não é terreno como elas mesmas. Podes crer que faria obra de benemerência aquele que conseguisse destruir o entendimento humano.
— No entanto, é o entendimento um dom de Deus, comentou Gáutama. Poderias então, da mesma forma, argumentar: uma vez que o fogo, quando não é dirigido pelo homem, produz muitos desastres, acabemos, então, inteiramente, com o fogo no mundo. Não, Rahula, o caso não é de destruição, mas de empregá-lo devidamente, não achas?”
Buddha, Coleção o Mundo do Graal
A paciência, que muitas vezes parece inação ou simples espera, pode estar repleta de outros sentidos. Por fora parece que existe calmaria, mas por dentro muito movimento acontece para suportar algo que não pode ser mudado ou que não pode ser resolvido no tempo desejado.
Assim como o luto tem estágios, pode ser que a paciência também tenha. Ela pode começar com certa irritação ao reconhecer a falta de controle de determinada situação. Depois pode vir a aceitação. Na sequência vem a espera ativa, até que nasce uma fagulha de esperança, sinalizando um novo caminho ou uma nova postura diante da realidade.
“A assimchamada ‘voz interior’, o espiritual no ser humano, a que ele pode dar ouvidos, é a intuição! Não é em vão que a voz do povo diz: ‘A primeira impressão é sempre a certa’.
Abdruschin, Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal
“- Os ursos querem que tomemos banho junto com eles! exclamou um dos incas, enquanto se dirigia até o urso que estava no meio do rio. Visivelmente contentes por tanta compreensão, todos os ursos se lançaram à água. Mergulhavam, arfavam e cutucavam sempre de novo os seres humanos que pescavam seus ponchos. Somente quando um dos incas jogou bastante água nos ursos, eles sossegaram, troteando rio abaixo.
- Temos de procurar um outro local para nossas casas de provisões! disse um dos mestres-de-obras. Encontramo-nos numa região pertencente aos ursos.”
Roselis von Sass, A Verdade Sobre os Incas