
Sibélia Zanon
A beleza verdadeira comove e convida ao voo. Ela pode ser capturada pelos sentidos e pela alma. Por isso não é acessório. É bálsamo e cura. Para além daquelas grandiosas, as pequenas belezas acendem uma luz no cotidiano. Podem ser vistas ou também sentidas num gesto, numa ação. Cada pessoa, assim como cada povo, tem sua expressão particular de beleza, atuando como doador e colaborador no engrandecimento do mundo.
“Ninguém oferece flores. A flor, em sua fugaz existência, já é a oferenda.
Talvez, alguém, de amor, se ofereça em flor.”
Mia Couto

Sibélia Zanon
A beleza é mandamento na asa de passarinho. Se assim não fosse, a cor não habitaria tanta pena. Planando em altura e com leveza, a beleza é arrebatamento – um horizonte se deita sob suas asas.
A beleza chega a ser pungente – pulsa e se faz reconhecer fácil e intimamente. É essência e necessidade numa vida que busca inteirezas.
Por ser tão forte, chega a provocar desconforto ao revelar a ferida. Deflagra aquilo que o cotidiano – coberto com um manto tecido de dor e breu – não consegue ser. Ao iluminar a penumbra costumeira, a beleza constitui-se num lembrete da escassez e pode fazer doer uma saudade. O que parecia conforto passa a ser…

“Velai e orai, diz a sentença que vos é dada mais uma vez no caminho. O velar refere-se à vossa vida terrena, na qual deveis estar automaticamente preparados, a qualquer momento, para intuir nitidamente as impressões que se precipitam sobre vós, e também pesá-las cuidadosamente, assim como examinar antecipadamente, com cuidado, tudo o que sai de vós.”
A beleza verdadeira comove e convida ao voo. Ela pode ser capturada pelos sentidos e pela alma. Por isso não é acessório. É bálsamo e cura. Para além daquelas grandiosas, as pequenas belezas acendem uma luz no cotidiano. Podem ser vistas ou também sentidas num gesto, numa ação. Cada pessoa, assim como cada povo, tem sua expressão particular de beleza, atuando como doador e colaborador no engrandecimento do mundo.